Sima Qian (c.145-90 a.C.) identifica Lao-Tsé como
um funcionário público de nome Li-Er, bibliotecário e cronista oficial, encarregado do departamento
dos arquivos na corte de Zhou, em Luoyang, capital do reino de Chu. Li-Er, também conhecido pelo
nome literário Dan, teria nascido na pequena aldeia
de Qu Ren, no reino de Chu, por volta de 604 a.C.,
o que faria dele um contemporâneo mais velho de
Confúcio (551-479 a.C.).
Sima Qian descreve um suposto encontro entre Lao-Tsé e Confúcio, que havia então procurado
o velho mestre para pedir conselhos sobre os ritos.
Lao-Tsé aconselhou que parasse de venerar palavras
de homens cujos ossos viraram pó e que abandonasse qualquer traço de altivez, pois “assim como o
bom comerciante guarda seus melhores artigos no
estoque e deixa a vitrine quase vazia, assim também
o homem nobre é pleno de virtude, mas aos olhos
dos outros parece um imbecil”. Confúcio voltou
para casa perplexo e ficou três dias sem falar. Seu
discípulo Zigong, estranhando a atitude do mestre, perguntou o que havia acontecido. Confúcio
respondeu: “As aves eu sei que voam, os peixes eu
sei que nadam, os cervos eu sei que correm. Aquele
que corre pode ser pego com armadilhas, aquele que
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nada pode ser apanhado com redes, aquele que voa
pode ser abatido com flechas. Mas não se pode saber
como os dragões sobem ao céu, galgando ventos,
aparecendo e desaparecendo entre as nuvens. Eu vi
Lao-Tsé. E como ele se parece com um dragão!”.